
Categoria: Artigos
Data: 05/08/2023
“Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.” (Lucas 15.20)
Acredito que o pai olhava dia após dia, manhãs, tardes e noites, para o horizonte, esperando ver algum sinal do filho. Até que, finalmente, ele viu. Então, teve uma atitude escandalosa. Ele correu na direção do filho. Naquele tempo, homens honrados não corriam. Homens usavam roupas compridas. Para correr era preciso levantar a roupa até a coxa. Mostrar as pernas era vergonhoso e humilhante. Mas esse pai não leva em conta a vergonha e a humilhação. Ele corre em direção ao filho amado.
Ele prefere se humilhar a ter de testemunhar a humilhação do filho. Um filho maltrapilho, imundo, fétido, impuro, rebelde, recebe o abraço e o beijo do pai. Por que tanta pressa em alcançar o rapaz? O pai quer chegar ao filho antes que o filho entre na cidade. Ele quer proteger o filho da cerimônia Kezazah (exclusão). O amor desse pai contraria todo o costume da época.
O amor desse pai contradiz toda a tradição dos doutores da lei. Esse pai é um pai escandaloso que ama escandalosamente. Essa história retrata o amor de Deus por nós, filhos e filhas rebeldes. Não há outro Deus que ame assim. Ele é o único Deus que veio em nossa direção na pessoa de Jesus Cristo e se humilhou, a ponto de morrer numa cruz para nos perdoar de nossa tentativa fracassada de encontrar felicidade e liberdade distante dele.