Categoria: Artigos
Data: 03/06/2025
Como vencer as aflições da vida

Problemas, quem não os tem? Lutas, quem nunca enfrentou? Decepções, frustrações etc. fazem parte da existência humana indistintamente. Coisas ruins acontecem até com pessoas “boas”.

Na língua grega, a palavra grega thlipsis significa “pressão”, “sofrimento”, tribulação”, “angústia” e outros tantos correlatos, inclusive perseguições perpetradas por outras pessoas. Até mesmo o simples fato de querer viver piedosamente e fazer as coisas certas, ao invés de servir do salvo conduto, na verdade constitui-se em mais um motivo para reforçar as lutas que se enfrenta. 

Por isso, na linha do pensamento Victor Frankl de que, via em regra, não podemos evitar o que acontece conosco, mas podemos exercer controle sobre a maneira como reagimos aos acontecimentos e às pessoas, a grande questão é: o que se faz quando se luta com ventos contrários? Quando ao invés de ventos venturosos, a fase é tempestade à proa, como reagir?
Para aqueles que confiam no controle e da condução soberanas do Criador em suas vidas, Saulo de Tarso ressalta que o Deus de toda consolação está continuamente presente, confortando os aflitos, não importando a dimensão ou profundidade da dor. O consolo divino é abrangente e profundo, um bálsamo que renova e sustenta.

Por óbvio, isso não é salvo conduto para a inércia de quem enfrenta aflições, visto que frequentemente a ação divina é por meio de ações humanas, e não excluindo o que se tem a fazer. É preciso aprender com aflições já vencidas, prevenir-se do que podemos antecipar e enfrentar com tal confiança em Deus, mas sem negligência, omissão e irresponsabilidade.

 Aquele mesmo Saulo, que de perseguidor de cristãos havia se tornado o apóstolo Paulo ferozmente perseguido, também se aprende que, ao receber o consolo de Deus, há um propósito em se tornar, não apenas recipiente, mas também instrumento desse consolo para os outro. Ele escreve em sua segunda epístola aos Coríntios: "É ele que nos conforta em toda a nossa aflição, para que possamos consolar os que estão em qualquer tipo de aflição, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus". 

Portanto, a pedagogia divina transforma a vítima da aflição em agente do consolo. Quem melhor para confortar um pai que perdeu um filho do que outro pai que passou pela mesma dor? Quem melhor para apoiar alguém em uma falência financeira do que aquele que já viveu esse caos econômico? As experiências de sofrimento equipam para ser canais de empatia e encorajamento na vida de outros.

Há uma analogia geográfica na terra de Israel que ilustra bem esse princípio. No Norte, as águas cristalinas do Rio Jordão fluem dos Montes do Líbano, trazendo vida e riqueza ao Mar da Galileia, um lago vibrante e cheio de peixes. De lá, o Jordão segue para o sul, desaguando no Mar Morto, um lugar estéril e sem vida. Por quê? Porque o Mar Morto retém tudo o que recebe e nada devolve. De modo distinto, o Mar da Galileia dá o que recebe, e essa generosidade é a fonte de sua própria riqueza. Assim também é o propósito do consolo divino: ser chamado a ser como o Mar da Galileia, recebendo e compartilhando o conforto que vem de Deus.

Paulo enfatiza ainda que o consolo de Cristo é imensamente maior do que qualquer aflição que possamos enfrentar. Ele declara em 2 Coríntios 1:5: "Assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, assim também, por meio de Cristo, transborda a nossa consolação". Observe o verbo transbordar. Se a consolação transborda significa que, embora as aflições sejam variadas e intensas, o consolo divino é único, ímpar e sempre abundantemente superior. Ele não apenas alivia a dor da pessoa, mas transforma também a própria pessoa, produzindo perseverança, caráter e esperança (Romanos 5:3-5). Paciência e esperança são as marcas dessa transformação. Paciência, no contexto bíblico, não é simplesmente suportar passivamente, mas permitir que o sofrimento produza maturidade e fortalecimento espiritual. Não se trata de resiliência, que é voltar ao estado anterior após a pressão recebida, mas é além disso, uma mudança transformadora que torna a pessoa mais forte e mais próximo da imagem de Cristo.

O sofrimento, então, é parte da pedagogia divina. Deus usa as aflições para moldar homens e mulheres, assim aconteceu com seu Filho, que suportou a Cruz com a esperança da glória da ressurreição. Essa mesma esperança capacita o aflito a enfrentar as lutas desta vida, confiando que o consolo de Deus sempre será maior e mais abundante do que qualquer dor que se possa experimentar.

Rev. Robinson Grangeiro Monteiro
Chanceler do Mackenzie


Autor: Mackenzie   |   Visualizações: 462 pessoas
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