Categoria: Artigos
Data: 23/05/2023
Quem Quer Ser um Missionário?

No início do ministério fiz uma palestra para as irmãs da SAF da primeira igreja que pastoreei. Já consciente do que seria exigido também da “mulher sem nome”, a esposa do pastor, iniciei com uma enquete que estava relacionada ao serviço das mulheres na igreja. Perguntei às irmãs como uma esposa de pastor deveria ser; choveram propostas: uma boa esposa, uma mulher virtuosa, que cuida bem da sua casa, também assídua e envolvida nos trabalhos da igreja, simpática, dentre outras. Então lhes disse: “vocês acabaram de descrever uma mulher cristã”. 

Desde agosto de 2022, tenho tido o privilégio de participar da Junta de Missões Nacionais da IPB e também fui designado como relator da comissão de exame de candidatos da JMN; em ambas tenho tido a oportunidade de aprender muito com os meus pares, muito mais experientes e piedosos do que eu, além de aprender bastante também com os próprios candidatos entrevistados. 
Dentre as muitas experiências, uma delas tem me desafiado e espero ser um incentivo e motivação para todos os que forem alcançados por estas linhas. 
Entrevistar tais pessoas para uma incumbência tão ímpar, algumas na flor da juventude, outras já bem “adiantadas em dias” (mas ainda muito dispostas) me fez refletir, em primeiro lugar, sobre minha própria omissão e comodismo em relação à missão da igreja. Afinal, muito diferente do que se pode inferir da conhecida proposta: “ovelha gera ovelha”, antes de qualquer outra coisa, pastor é um crente como outro qualquer e tem a responsabilidade pessoal de evangelizar e fazer discípulos, como o sumo Pastor ordenou a toda a sua igreja. 

Além disso, em nossas abordagens com os candidatos, temos de fazer perguntas do tipo: como foi a experiência de conversão do candidato, como é sua vida devocional, quanto tempo de oração por dia, quantas vezes leu toda a Bíblia (curiosidade especial do relator), quantas pessoas já conduziu a Cristo, como estão o casamento e a vida familiar, dentre outras. 

Mas, semelhante à questão das qualidades da esposa de pastor, essas coisas não estão relacionadas apenas àqueles que se dispõem a assumir um campo missionário longínquo ou abrir um ponto de pregação em uma cidade. Essas são questões que envolvem todo crente; e por normal, entendamos o mais básico que um crente deve crer e praticar. 

Diante disso, suspeito que a crise que a igreja vive no que diz respeito à evangelização, mormente à plantação de igrejas que se segue, não é meramente uma crise de indisposição para ir a outros lugares pregar, ofertar ou se envolver com a evangelização de alguém ou com a Missão em geral; a crise, na verdade, é uma “crise de fé”, é a crise de quem deixou de ter comunhão com Deus e aprender de Jesus, é a crise de quem perdeu de vista a própria identidade; é a crise daqueles que, tendo comprometido ou negociado a própria “vida cristã normal”, não têm mais motivação, disposição e alegria para testemunhar de Jesus e contribuir para que outros o façam. 

Assim, talvez devêssemos modificar a pergunta proposta no tema, de “quem quer ser um missionário?” para “quem quer ser um crente ou um discípulo, de fato?”. Pois, conforme as instruções e exemplos das Escrituras, um verdadeiro crente, que também é um discípulo, deve ser um piedoso leitor das Escrituras, crente de oração, alguém que dá um bom testemunho e tem motivação frequente para falar de Jesus aos outros, além da alegria de contribuir para a missão da igreja. 


O Rev. Djaik Souza Neves é Diretor da Junta de Missões Nacionais (JMN) e pastor da IP Jardim Guanabara em Cuiabá, MT.

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Autor: Jornal Brasil Presbiteriano   |   Visualizações: 1282 pessoas
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